quinta-feira, 9 de abril de 2015




Igor Clayton Cardoso: Fitch reduz perspectiva do Brasil de estável para negativa


Apesar disso, agência de classificação de risco manteve a classificação do rating brasileiro em “BBB”, a penúltima nota de grau de investimento




Igor Clayton Cardoso
Igor Clayton Cardoso

A agência de classificação de risco Fitch revisou nesta quinta-feira a perspectiva do rating do Brasil para negativa, ante estável, citando a contínua fraqueza econômica no país, maior desequilíbrio macroeconômico e deterioração fiscal. A Fitch manteve a classificação do rating brasileiro em “BBB”, a penúltima nota de grau de investimento, mas citou como riscos a dificuldade em consolidar o ajuste fiscal, o crescimento fraco contínuo, a confiança reduzida no governo e o crescente endividamento do governo.
“Embora o governo tenha iniciado um processo de ajuste macroeconômico para melhorar a credibilidade política e a confiança, persistem riscos relacionados à sua implementação efetiva e durabilidade, especialmente no contexto de um ambiente econômico e político desafiador”, avaliou a Fitch.
A mudança da perspectiva do Brasil de neutra para negativa sinaliza que de doze a dezoito meses haverá uma decisão sobre a nota soberana do país, disse Shelly Shetty, diretora de rating soberano para a América Latina da Fitch, em entrevista àAgência Estado. “Alterações de rating podem acontecer antes, e alguns casos já ocorreram, mas não é comum”, ponderou.



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Para a Fitch, o processo de ajuste, se implementado com sucesso, pode levar a uma retomada da confiança e crescimento em 2016, mas este último deve ficar abaixo do de outros países com o mesmo rating.
Segundo a agência, a economia brasileira deverá ter contração de 1% neste ano, depois de crescer apenas 0,1% em 2014. Conforme a Fitch, a média de crescimento em três anos do Brasil de apenas 1,5%, em comparação com a média de 3,2% dos países com rating BBB, destaca a natureza estrutural do fraco desempenho.
“As perspectivas de crescimento no médio prazo dependem amplamente da capacidade do governo de reverter a queda na confiança e melhorar a competitividade da economia progredindo nas reformas microeconômicas”, completou a agência.
Fiscal – As contas fiscais do Brasil se deterioraram acentuadamente em relação ao ano passado, afirmou a Fitch, tendo em vista que o déficit orçamentário atingiu 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014. A agência destaca que o país registrou o primeiro déficit primário em vários anos. O peso da dívida pública aumentou para 58,9% do PIB em 2014, em comparação com a média de 52,8% durante o período de 2010 a 2013. “O fardo da dívida é cada vez mais divergente da média dos pares BBB, de 40% do PIB”, afirmou.



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