Igor Clayton Cardoso: Estagnação não tira do Brasil posto de 7ª economia
Brasil tem desempenho econômico pífio, mas mantém posição no ranking mundial
O Produto Interno Bruto (PIB) divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a economia brasileira cresceu apenas 0,1% em 2014, a 5,52 trilhões de reais em 2014, o equivalente a 2,66 trilhões de dólares, considerando a cotação de fechamento de 2014. Contudo, o mau desempenho ainda não tirou do país o posto de sétima maior economia do mundo. A Rússia, que em 2013 sinalizava um avanço consistente capaz de fazer frente ao Brasil, agora apresenta retração. Envolvido nos conflitos na Ucrânia e alvo de sanções econômicas dos Estados Unidos e da Europa, o país europeu deve ver sua riqueza recuar para 1,85 trilhão de dólares, segundo projeções da consultoria Economist Intelligence Unit (EIU). Os números oficiais de 2014 ainda não foram divulgados pelo governo russo.
Independentemente do desempenho russo, a tendência é de que o Brasil perca espaço nos próximos anos no ranking. Além do fraco resultado em 2014, as perspectivas de analistas são de que 2015 e 2016 também sejam anos difíceis. O ultimo levantamento Focus prevê uma retração de 0,83%% este ano e leve crescimento de 1,2% no ano que vem.
A Índia, outro emergente que desperta a atenção de investidores, deve em breve ultrapassar o Brasil. Um estudo da A.T. Kearney com base em dados do Banco Mundial prevê que a economia indiana ultrapasse a brasileira em 2019 – e não espantaria se a ultrapassagem fosse antes, devido à aceleração recente do país. François Santos, sócio da consultoria, explica que a Índia está em curva ascendente porque, entre outros fatores, seu primeiro-ministro atual, Narendra Modi, foi governante de um Estado que gerou muitos investimentos em produtividade, o que acabou repercutindo na confiança dos investidores e, consequentemente, na entrada de mais recursos no país. “Seu governo é pró-investimento e crescimento”, diz.
Já no caso do Brasil, não bastassem todas as mudanças na política econômica implementadas pelo governo Dilma, há ainda o impacto negativo dos preços das commodities no mercado externo. “O governo resolveu trocar a política macroeconômica, que estava dando certo, por uma nova matriz, com o intuito de estimular a demanda para gerar crescimento”, explica Alessandra Ribeiro, da Tendências. Segundo a economista, ao estimular o consumo, o governo esperava que viessem mais investimentos. Mas se esqueceu de combinar o plano com investidores. “Isso não funcionou porque havia demanda, mas não oferta”, conta. E estimular a demanda sem oferta gera desequilíbrios, como alta da inflação e déficit em transações correntes. Por outro lado, as exportações de commodities que costumavam segurar a balança não puderam desempenhar papel de salvadoras da pátria justamente porque os preços mudaram de patamar.
Conforme o IBGE divulgou nesta sexta-feira, a taxa de investimento do Brasil em 2014 foi de 19,7% do PIB, abaixo do observado em 2013 (20,5%). Por sua vez, a taxa de poupança foi de 15,8% em 2014, ante 17,0% em 2013.
O professor de Economia do Insper, José Luís Mascolo, acredita que 2015 será um ano de correção e que, na melhor das hipóteses, a economia não crescerá por causa dos ajustes que devem ser implementados pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy. “Este ano deve ser um ano de correção de rumo se deixarem Levy trabalhar”, diz. Mascolo explica que, com a elevação dos juros, o consumo tende a cair. Além disso, quando há o ajuste fiscal sendo implementado concomitantemente, a economia titubeia. Contudo, como o objetivo das medidas é o controle das contas públicas, o economista avalia que a tendência é que o mercado retome a confiança.
Ainda há esperança - Economistas ouvidos pelo site de VEJA avaliam que o Brasil enfrenta hoje o mesmo desafio que a Índia vivenciou dois anos atrás: reconquistar a credibilidade perante os agentes econômicos. Os analistas frisam que as realidades dos dois países são distintas, quase incomparáveis, pelo fato de o Brasil estar à frente tanto no desenvolvimento econômico quanto institucional. Contudo, as críticas que foram feitas aos dois países, culminando em ameaças de perda do grau de investimento, e as estratégias traçadas por ambos para reverter a situação se assemelham. A diferença, contudo, é que após meses de um novo governo, a Índia está prestes a crescer no mesmo patamar da China: 7,5%. “Fazer um ajuste fiscal com crescimento é muito mais fácil”, afirma o professor da FEA-USP, Simão Davi Silber.
A Índia começa a colher frutos do processo de ajustes que ainda está em curso. O Brasil está nos primeiros passos: passada a escolha da nova equipe econômica e as primeiras medidas tomadas, o desafio é viabilizar politicamente a empreitada. Se o governo Dilma será capaz de garantir apoio para as medidas, é outra história.
O Produto Interno Bruto (PIB) divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a economia brasileira cresceu apenas 0,1% em 2014, a 5,52 trilhões de reais em 2014, o equivalente a 2,66 trilhões de dólares, considerando a cotação de fechamento de 2014. Contudo, o mau desempenho ainda não tirou do país o posto de sétima maior economia do mundo. A Rússia, que em 2013 sinalizava um avanço consistente capaz de fazer frente ao Brasil, agora apresenta retração. Envolvido nos conflitos na Ucrânia e alvo de sanções econômicas dos Estados Unidos e da Europa, o país europeu deve ver sua riqueza recuar para 1,85 trilhão de dólares, segundo projeções da consultoria Economist Intelligence Unit (EIU). Os números oficiais de 2014 ainda não foram divulgados pelo governo russo.
Independentemente do desempenho russo, a tendência é de que o Brasil perca espaço nos próximos anos no ranking. Além do fraco resultado em 2014, as perspectivas de analistas são de que 2015 e 2016 também sejam anos difíceis. O ultimo levantamento Focus prevê uma retração de 0,83%% este ano e leve crescimento de 1,2% no ano que vem.
A Índia, outro emergente que desperta a atenção de investidores, deve em breve ultrapassar o Brasil. Um estudo da A.T. Kearney com base em dados do Banco Mundial prevê que a economia indiana ultrapasse a brasileira em 2019 – e não espantaria se a ultrapassagem fosse antes, devido à aceleração recente do país. François Santos, sócio da consultoria, explica que a Índia está em curva ascendente porque, entre outros fatores, seu primeiro-ministro atual, Narendra Modi, foi governante de um Estado que gerou muitos investimentos em produtividade, o que acabou repercutindo na confiança dos investidores e, consequentemente, na entrada de mais recursos no país. “Seu governo é pró-investimento e crescimento”, diz.
Já no caso do Brasil, não bastassem todas as mudanças na política econômica implementadas pelo governo Dilma, há ainda o impacto negativo dos preços das commodities no mercado externo. “O governo resolveu trocar a política macroeconômica, que estava dando certo, por uma nova matriz, com o intuito de estimular a demanda para gerar crescimento”, explica Alessandra Ribeiro, da Tendências. Segundo a economista, ao estimular o consumo, o governo esperava que viessem mais investimentos. Mas se esqueceu de combinar o plano com investidores. “Isso não funcionou porque havia demanda, mas não oferta”, conta. E estimular a demanda sem oferta gera desequilíbrios, como alta da inflação e déficit em transações correntes. Por outro lado, as exportações de commodities que costumavam segurar a balança não puderam desempenhar papel de salvadoras da pátria justamente porque os preços mudaram de patamar.
Conforme o IBGE divulgou nesta sexta-feira, a taxa de investimento do Brasil em 2014 foi de 19,7% do PIB, abaixo do observado em 2013 (20,5%). Por sua vez, a taxa de poupança foi de 15,8% em 2014, ante 17,0% em 2013.
O professor de Economia do Insper, José Luís Mascolo, acredita que 2015 será um ano de correção e que, na melhor das hipóteses, a economia não crescerá por causa dos ajustes que devem ser implementados pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy. “Este ano deve ser um ano de correção de rumo se deixarem Levy trabalhar”, diz. Mascolo explica que, com a elevação dos juros, o consumo tende a cair. Além disso, quando há o ajuste fiscal sendo implementado concomitantemente, a economia titubeia. Contudo, como o objetivo das medidas é o controle das contas públicas, o economista avalia que a tendência é que o mercado retome a confiança.
Ainda há esperança - Economistas ouvidos pelo site de VEJA avaliam que o Brasil enfrenta hoje o mesmo desafio que a Índia vivenciou dois anos atrás: reconquistar a credibilidade perante os agentes econômicos. Os analistas frisam que as realidades dos dois países são distintas, quase incomparáveis, pelo fato de o Brasil estar à frente tanto no desenvolvimento econômico quanto institucional. Contudo, as críticas que foram feitas aos dois países, culminando em ameaças de perda do grau de investimento, e as estratégias traçadas por ambos para reverter a situação se assemelham. A diferença, contudo, é que após meses de um novo governo, a Índia está prestes a crescer no mesmo patamar da China: 7,5%. “Fazer um ajuste fiscal com crescimento é muito mais fácil”, afirma o professor da FEA-USP, Simão Davi Silber.
A Índia começa a colher frutos do processo de ajustes que ainda está em curso. O Brasil está nos primeiros passos: passada a escolha da nova equipe econômica e as primeiras medidas tomadas, o desafio é viabilizar politicamente a empreitada. Se o governo Dilma será capaz de garantir apoio para as medidas, é outra história.
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