segunda-feira, 9 de março de 2015

Igor Clayton Cardoso

O Império Romano do Oriente - continuação

No campo cultural, Justiniano distinguiu-se, ainda, pela construção da igreja de Santa Sofia, consolidando um estilo arquitetônico peculiar - o bizantino -, cuja monumentalidade simbolizava o poder do Estado associado à força da Igreja cristã. Mais de dez mil pessoas trabalharam na sua construção e, numa manifestação de magnificência, Justiniano chegou a apontá-la como superior ao Templo de Jerusalém, da época de Salomão.
O cristianismo no Império Oriental mesclou-se com valores locais, adquirindo características próprias, muito diferente das do cristianismo ocidental. A predominância da população grega e asiática imprimia especialidades à religião cristã bizantina como, por exemplo, o desprezo por elementos materiais (o culto a imagens), exaltando-se unicamente a espiritualidade, componente típico da religiosidade oriental. Como decorrência, surgiram dentro da própria Igreja oriental correntes doutrinárias - as heresias - que questionavam os dogmas da doutrina cristã pregada pelo papa de Roma, como as dos monofisistas e dos iconoclastas.
A agitação popular provocada pelas heresias levou os imperadores bizantinos a adotarem uma constante política de intervenção nos assuntos eclesiásticos, caracterizando o que se denomina cesaropapismo: a supremacia do imperador sobre a Igreja.
As profundas divergências entre o cristianismo ocidental, orientado pelo papa, e o cristianismo peculiar do Oriente, cujo maior expoente era o patriarca de Constantinopla, culminaram no rompimento da Igreja bizantina com a Igreja de Roma.
Esses movimentos acabaram por consumar, em 1054, o Cisma do Oriente, quando o patriarca de Constantinopla, Miguel Cerulário, proclamou a autonomia total da Igreja oriental, acusando o papado de distanciar-se das pregações originais de Cristo e de seus apóstolos. Com a cisão, surgiram duas Igrejas: a Igreja Ortodoxa, subordinada ao Patriarcado de Constantinopla, e a Igreja Católica Apostólica Romana.
Após o auge do governo de Justiniano, o Império Bizantino entrou em lenta decadência. Essencialmente urbana, apoiada num poderoso comércio, a sociedade bizantina começou a sofrer, a partir do século X, crescentes pressões desagregadoras. Com a retomada das atividades comerciais no Ocidente, Bizâncio foi alvo da ambição das cidades italianas, como Veneza, que a subjugou, transformando-a num entreposto comercial sob exploração italiana. Mesmo antes disso, o Império Bizantino já vinha perdendo territórios, sofrendo o cerco pregressivo, ora dos bárbaros, ora dos árabes, em expansão nos séculos VII e VIII.
A partir do século XIII, as dificuldades do Império se multiplicaram, já não existindo um Estado eficientemente forte e rico para enfrentar as constantes incursões estrangeiras. No final da Idade Média, por sua posição estratégica, foi o ponto mais ambicionado pelos turcos-otomanos, que em 1453 finalmente atingiram seus objetivos, derrubando as muralhas de Bizâncio e pondo fim à existência do Império Romano do Oriente. A queda de Constantinopla serviria como marco cronológico para o fim da Idade Média e o Início da Idade Moderna.
                                          FONTE: HISTÓRIA GERAL, CLÁUDIO VICENTINO, Ed.Scipione, edição 1999

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