quarta-feira, 25 de março de 2015





Igor Clayton Cardoso: PF investiga se lobista comprou Land Rover para ex-diretor da Petrobras como propina


O carro foi adquirido em nome da esposa de Nestor Cerveró, mas a participação do operador Fernando Baiano foi descoberta em documentos da concessionária





Igor Clayton Cardoso
Igor Clayton Cardoso


Ministério Público Federal e a Polícia Federal vão investigar se o lobista Fernando Soares, o Baiano, comprou uma Land Rover, de 220.000 reais para o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. A investigação foi determinada nesta terça-feira pelo juiz federal Sérgio Moro.
O juiz avaliou que a transação pode ter sido uma operação de lavagem de dinheiro, feita com o objetivo de esconder o pagamento de propina a Cerveró por Fernando Baiano. De acordo com as provas colhidas até o momento na Operação Lava Jato, Baiano era o principal operador do PMDB na Petrobras e responsável por subornar, a mando de fornecedores da estatal, os funcionários da Diretoria Internacional.
O carro foi adquirido em nome de Patrícia Cerveró, esposa do ex-diretor, mas a participação do lobista na compra foi descoberta. Em documentos da concessionária onde a Land Rover foi vendida, o e-mail de Baiano foi inserido como contato. E em depoimento ao Ministério Público Federal a vendedora da loja confirmou que o lobista encomendou o veículo e comprou até a blindagem do carro.
“Conforme depreende-se de seu depoimento, foi Fernando Soares quem compareceu na concessionária e encomendou o veículo, inclusive determinou fosse este blindado. Segundo a vendedora, não teve qualquer contato com Patrícia Cerveró, o que demonstra que o veículo realmente foi adquirido por Fernando Soares em benefício de Patrícia e Nestor Cerveró”, afirmou o Ministério Público Federal.
Para vender a Land Rover, a concessionária recebeu um comprovante bancário de um depósito, feito com dinheiro em espécie, de 220.000 reais em nome de Patrícia Cerveró. O pagamento chamou a atenção da Justiça.
“A realização do pagamento do preço do veículo em espécie não é, por si só crime, mas transação de 220.000 reais em espécie não é nada usual. A realização de elevada transação em espécie, sem aparente justificativa econômica, gera fundada suspeita de que o objetivo dela seria dificultar o rastreamento da origem do dinheiro, a real titularidade dos recursos, e acobertar pagamento de propina ou lavagem de dinheiro, suspeita essa reforçada pela participação de Fernando Soares na aquisição do veículo em questão, ele que é acusado pelo MPF exatamente como intermediador de propinas para Nestor Cerveró”, diz o juiz Moro no despacho em que determina a abertura de inquérito.
Moro determinou ainda que o Bradesco confirme se Patrícia Cerveró foi a responsável pelo depósito da compra. Cerveró, Baiano e Patrícia vão ser investigados por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro em novo inquérito da Polícia Federal.




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