quinta-feira, 5 de março de 2015

Igor Clayton Cardoso

O Império Romano do Oriente

Com uma localização privilegiada (entre o Ocidente e o Oriente), desenvolvia um ativo comércio com as cidades vizinhas, além de possuir uma promissora produção agrícola, o que a tornava um centro rico e forte, em contraste com o restante do Império Romano, estagnado e em crise. Após a divisão do Império, Constantinopla passou a ser a capital da parte oriental, concretizando-se a completa autonomia do que restara do grande império latino.
No final da Antiguidade, a cidade de Constantinopla, hoje Istambul, transformou-se no principal centro econômico-político do que se restou do Império Romano. Foi edificada no mesmo local em que existira a antiga colônia grega de Bizâncio, entre os mares Egeu e Negro, pelo imperador Constantino, que, por razões de ordem estratégica e econômica, converteu-a na nova capital do Império.
O Império Romano do Oriente, alicerçado num poder centralizado e despótico, caracterizou-se por um intenso desenvolvimento do comércio, por meio do qual foi possível obter recursos para resistir às invasões bárbaras. A produção agrícola, por sua vez, desenvolvia-se em grandes extensões de terra, utilizando o trabalho de colonos livres e de escravos, situação inversa da que ocorreu com a produção rural feudal do Ocidente.
O Império Bizantino preservou muitas das instituições latinas, como as normas políticas e administrativas, bem como o latim, adotado como língua regular. Neste caso, entretanto, a preponderância cultural dos gregos orientais acabou por impor-se, levando o grego a ser reconhecido como língua oficial no século VII.
Uma característica marcante da civilização bizantina era o papel do imperador, que comandava o exército e a Igreja, sendo considerado representante de Deus e possuindo grande poder. Era auxiliado por um número enorme de funcionários, o que tornava a burocracia uma parte importante da organização administrativa e social.
O mais célebre governante do Império Bizantino foi Justiniano (527 - 565), que ampliou as fronteiras do Império, empreendendo expedições que chegaram à Península Itálica, à Península Ibérica e ao norte da África. Entretanto, excetuando a Península Itálica, as demais conquistas foram efêmeras, em virtude do aparecimento dos árabes na África e na península Ibérica. Como veremos, o expansionismo árabe foi rápido e vitorioso nessas regiões a partir do século VII.
A obra de Justiniano, no entanto, é muito mais importante no plano interno do que no externo. Entre 533 e 565, por sua iniciativa, realizou-se a compilação do Direito Romano, organizado em partes: Código (conjunto de leis romanas desde o século II), Digesto (comentários dos grandes juristas a essas leis), Institutas (princípios fundamentais do Direito Romano) e Novelas (novas leis do período de Justiniano).
O conjunto desses trabalhos resultou num dos maiores legados do mundo romano: o Corpo do Direito Civil (Corpus Juris Civilis), que serviu de base aos códigos civis de diversas nações nos séculos seguintes. Essas leis definiam os poderes quase ilimitados do imperador e protegiam os privilégios da Igreja e dos proprietários, marginalizando a grande massa de colonos e escravos. A burocracia centralizada, os pesados impostos e os gastos militares fizeram com que a política de Justiniano acabasse encontrando séria oposição em alguns setores, levando à ocorrência de revoltas, violentamente reprimidas. 

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